Será a eleição de Joe Biden uma lufada de ar fresco para a Huawei?

Enquanto a Huawei estava em alto crescimento e em vias de se tornar o maior fabricante mundial de smartphones, Donald Trump desferiu um duro golpe ao colocar a empresa numa lista de empresas de risco. Desde então, a Huawei tem enfrentado os seus concorrentes sempre em desvantagem, já que a empresa chinesa não tem acesso a muitas tecnologias americanas, principalmente aos serviços do Google.

Agora, com a eleição de Joe Biden como Presidente dos Estados Unidos, será que situação melhorará para a Huawei? É sabido que o democrata tem um programa radicalmente oposto ao de Donald Trump, pelo menos na grande maioria dos assuntos, e parece muito mais temperado que o seu antecessor. No entanto, infelizmente para os amantes de tecnologia, está longe de ser favorável para a Huawei.

A decisão de Donald Trump pode ter surpreendido o sector, mas na realidade não deve ser atribuída ao seu temperamento. “Esta política foi desenvolvida, e promovida, durante anos pelo Departamento de Comércio dos Estados Unidos em reacção às crescentes ambições da China”, explica Jean-François Dufour, diretor da DCA Chine-Analyze. “Pequim quer tornar-se o número 1 em muitos sectores estratégicos, que vão desde a inteligência artificial ao 5G, incluindo biotecnologias e veículos eléctricos. E os Estados Unidos têm uma visão muito obscura dessas ambições” Confidenciou Mary-Françoise Renard, chefe do Instituto de Pesquisa sobre a Economia da China (IDREC) há três meses.

Será que Joe Biden vai aliviar as sanções contra a Huawei?

Washington não é o único a aplicar as restrições: Há muito que Pequim proibiu muitas empresas americanas (Google, Facebook, Twitter) de trabalhar no seu território. Mas porque é a Huawei a ser o principal visado desse conflito? É claro que isso não se deve aos seus telefones (por mais bem-sucedidos que sejam). Se os Estados Unidos visam essa empresa, é porque é ela que dá à China a sua vantagem inicial em 5G. E esse 5G é a pedra angular de muitas outras inovações estratégicas ”Seja o veículo autónomo, a fábrica 2.0 ou a rede eléctrica inteligente, quase todas as tecnologias futuras que a China deseja desenvolver são baseadas em 5G. Se Washington parar neste nível, na verdade está a desacelerar todo o sector de tecnologia chinês” , explica Jean-François Dufour.

Como tal, a flexibilização parcial das restrições à Huawei e Honor são muito difíceis de acontecer em 2021. As negociações da Huawei com os Estados Unidos serão, portanto, sempre delicadas. A única diferença é que acontecerão num ambiente mais pacífico, que já é melhor que nada.

Joel Pinto

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Fundador do Noticias e Tecnologia, e este foi o seu segundo projeto online, depois de vários anos ligado a um portal voltado para o sistema Android, onde também foi um dos seus fundadores.