Análise Wiko View5: O foco está na autonomia

21 Outubro, 2020 0 Por Joel Pinto

Como devem ter percebido pelo titulo deste artigo, o assunto de hoje é a analise ao Wiko View5, um smartphone Android da fabricante europeia, que foi anunciado no passado mês de Setembro.

Antes de começar a falar sobre as várias características deste novo smartphone, aproveito para deixar aqui um apanhado das suas especificações técnicas:

  • Ecrã 20:9 IPS LCD de 6,55 polegadas com a resolução HD + com 720 x 1600 pixeis
  • Mediatek Helio P22 com processador Octa-Core que opera no máximo a 2Ghz
  • GPU PowerVR GE8320
  • 3GB de RAM
  • 64GB de armazenamento interno
  • Quad Câmara traseira de 48MP + 8MP + 2MP + 2MP
  • Câmara Frontal de 8MP
  • Bateria de 5000mAh
  • Android 10

Design e ecrã

O Wiko View5 tem um corpo construido totalmente plástico, e possui um scanner de impressões digitais na parte traseira. A frente é composta quase inteiramente pelo seu ecrã, em que a câmara frontal está posicionada dentro de um pequeno "furo" no canto superior esquerdo do mesmo. As suas margens não são muito estreitas, mas ainda assim acompanham aquilo que é oferecido com os telefones nesta faixa de preço. No entanto, não posso deixar de fazer uma referencia à margem inferior, que habitualmente chamamos de queixo, que tem um volume um tanto ou quanto, significativo.

Na lateral direita deste equipamento temos os botões de volume, Power e um botão dedicado ao Assistente Virtual, que neste caso é o Google Assistant. Na lateral esquerda temos apenas a slot para o cartão SIM e MicroSD. Já na parte superior, temos a porta de 3,5mm, para os fones de ouvido, enquanto na parte inferior temos uma porta USB do Tipo C, um microfone e a grelha do altifalante.

Para desbloquear este dispositivo, podemos usar a identificação biométrica, através do seu sensor de impressão digital ou usar o reconhecimento facial. O sensor de impressão digital que está montado na parte traseira, apesar de não ser muito rápido, funciona razoavelmente bem com os dedos secos. O mesmo acontece com a função de desbloqueio facial, já que apesar de não ser muito rápida, funciona sem qualquer tipo de problema, mesmo em condições com baixa luminosidade.

O seu ecrã é composto por um painel IPS de 6,55 polegadas no formato 20: 9 e tem uma resolução de 1600x720 pixeis. Com isso, a densidade de pixeis do View5 permanece significativamente abaixo dos 300PPI, que eu considero ser o valor mínimo para um ecrã que é utilizado durante várias horas por dia, por vezes mais do que um ecrã de computador, ou televisão. São 267 PPI's que na operação diária é negativamente perceptível, principalmente quando estamos a ler documentos.

Em dias ensolarados, o ecrã oferece brilho suficiente para ler o conteúdo presente no mesmo, no entanto, sob luz solar directa, o ecrã reflectivo dificulta a leitura do que por lá se passa, e ler um documento nestas condições é impossível, tal como fazer uma pesquisa no navegador, ou usar uma rede social.

Como é típico em ecrãs IPS, a estabilidade do ângulo de visão é boa e há apenas uma pequena redução de brilho em ângulos de visão extremos.

Câmaras

Conforme já tinha informado acima, o Wiko View5 conta com um sistema de quatro câmaras na parte traseira, que inclui uma lente grande angular de 48MP, uma lenta ultra grande angular com 120°, e uma lente de profundidade com uma resolução de 2 MP, e uma lente Marco com a mesma resolução.

A qualidade da imagem do módulo principal, conta com foco automático com detecção de fase, e está num nível bastante decente - pelo menos em boas condições de luz. Comparado com telefones na mesma gama de preço, o View5 não precisa de ter vergonha. No entanto, a nitidez variável da profundidade não funciona muito bem em todas as situações, e o efeito bokeh por vezes falhas. A lente grande angular fornece alguns resultados interessantes, mas geralmente apresenta alguma saturação excessiva, principalmente em reproduções de cenas da natureza.

Na parte da frente temos um sensor de 8MP que possui uma abertura f/2.0, e a sua qualidade é boa, e mais do que suficiente para conteúdo para usar nas redes sociais.

O seu sensor de imagem pode gravar vídeos com uma resolução máxima Full HD a 30 FPS. Se usar a lente frontal de 8 MP, também poderá gravar imagens em movimento na resolução 1080p.

Em condições de pouca luz, as fotografias ficam um "pouco" longe daquilo que é agradável, típico dos equipamentos nesta faixa de preço.

Desempenho

Estamos perante um telefone que é equipado por um processador da MediaTek MT6762, mais conhecido pelo Helio P22 que no seu interior tem um processador de oito núcleos ARM Cortex-A53 em dois clusters. Os quatro núcleos do cluster de desempenho oferecem uma velocidade de clock de até 2 GHz, enquanto o cluster com eficiência de energia do View 3 opera no máximo a 1,5 GHz. Graças à sua configuração big.LITTLE, todos os núcleos podem ser usados em simultaneo. Já os gráficos são da responsabilidade do PowerVR GE8320k , que possui uma velocidade de clock de 650 MHz.

Nos benchmarks, o CPU da MediaTek até causou boa impressão em 2019, no segundo semestre de 2020 lançar um equipamento com este processador não me parece que faça sentido. A titulo de exemplo, este é o mesmo utilizado pela Wiko no View3 Pro, um smartphone que foi lançado em Fevereiro de 2019. O seu desempenho é uma desgraça, mesmo tendo um ecrã de baixa resolução. E isso reflecte-se em tudo o que fazemos, até mesmo na navegação, por exemplo no Google Chrome, noto alguns atrasos e a rolagem no navegador geralmente parece gaguejar.

O telefone vem com 3GB de RAM e 64GB de armazenamento interno, que na teoria são mais do que suficientes para utilização "normal". A verdade é que o processador consegue fazer com os 3GB de RAM seja realmente pouco, mas na verdade a culpa não é da memória, mas sim do SOC da Mediatek. E já que falamos no armazenamento interno, a sua velocidades também não é a mais veloz que o mercado conhece, de modo que aplicações, e jogos, precisam de algum tempo para iniciar.

E por falar em jogos, os jogos 3D mais exigentes, como o PUBG Mobile, Fortnite, Call of Duty Mobile, são para esquecer. Se for para jogar jogos mais leves, como o Candy Crush não deverá ter muitos problemas, mas até nesse sentimos alguma lentidão.

Facebook, email, Instagram e restantes aplicações que são amplamente utilizadas pelos utilizadores, funcionam sem problemas de maior. Volta e meia sente-se um pequeno lag na rolagem, mas nada que atrapalhe experiência de utilização. Abaixo deixo o teste executado no Antutu que demonstra que este View5 é mesmo um dos telefones com pior desempenho que já testamos aqui no Noticias e Tecnologia:

Software

Este é um dos pontos mais fortes deste telefone da Wiko. Ao contrário de outros tempos, a fabricante francesa usa uma versão praticamente "limpa" do sistema operativo Android. No caso do View5 é o Android 10, e que neste momento conta com o patch de segurança Android referente ao passado mês de Julho. Este é um ponto em que a Wiko ainda tem muito a melhorar, já que o suporte ao sistema operativo é muito fraco. Estamos no fim do mês de Outubro, e o patch de segurança continua a ser o de Julho, e desconfio que tão depressa não receberá qualquer novo patch. O mesmo é válido para a versão do sistema operativo, já que tenho muitas duvidas que a empresa actualize este equipamento para o Android 11.

No entanto, o que tem, o Android 10, funciona muito bem, e se comparado com a versão "limpa" do sistema operativo da Google, a interface de utilizador aparece com apenas algumas modificações. Da mesma forma, quase não existem aplicações de terceiros pré-instaladas neste Wiko View5... E este quase, é muito relativo. Isto porque anteriormente os telefones desta mesma marca vinham sub-carregados com diversas aplicações, e agora vêm com 2 ou 3 aplicações que pouco ou nada incomodam, mas ainda assim, esses 2 ou 3 poderiam não vir de fábrica. Por isso, em termos de software, este dispositivo está muito bem servido. Não é por causa dele que o utilizador terá alguma dificuldade de utilização.

Som

No uso diário, o altifalante mono que está posicionado na extremidade inferior do telefone distorce em volumes baixos. Como esperado, o espectro sonoro é dominado por sons nas faixas média e alta que não são reproduzidos de maneira muito linear. As frequências graves não são audíveis, mas isso é algo muito comum nos smartphones, e não só neste telefone.

O View5 inclui uma porta de áudio de 3,5 mm, para que possa usar fones de ouvido sem problemas.
Considero que tanto a capacidade de compreensão como o volume máximo são satisfatórios durante as nossas chamadas de teste usando a rede NOS. Também não notamos nenhuma característica negativa conspícua em termos de qualidade do microfone embutido. No entanto, não encontrei opções para chamadas usando a rede WLAN ou VoLTE no menu de configurações, mas isso é tudo menos preocupante.

Bateria

O consumo de energia do View5 é discreto e parece ser o ponto de maior destaque deste equipamento. Os nossos testes revelaram que a bateria de 5000 mAh do Wiko View5 dura muito, e faz jus  ao destaque que a empresa quer dar a este equipamento.

Consegui ter dois dias de uso moderado de energia com apenas uma carga. Carga essa que não aparenta ser muito rápida, já que dos 10 aos 100% demora pouco menos de 2 horas e meia a carregar, isto utilizando o carregador de 10W que acompanha o equipamento.

No entanto, merece uma boa nota nesta área, já que não é fácil encontrar um smartphone que forneça 2 dias de uso com apenas uma carga, e com uso um pouco menos intenso, provavelmente conseguia 3 dias de bateria. Mas os smartphones são para ser utilizados, por isso não chegamos a testar essa possibilidade.

A empresa diz que consegue este resultado com uma bateria de 5000mAh graças a sua tecnologia inteligente que chama de AI Battery Master, que optimiza o consumo de energia.

Análise Wiko View5: Veredicto Final

O Wiko fez muitas coisas certas com este seu smartphone de nível de entrada. Apesar de ter um preço um pouco elevado tendo em conta o que oferece, estamos perante um telefone com um design moderno, as molduras são grandes, mas não tão grandes se comparado com telefones de gerações anteriores, e o seu acabamento é satisfatório. Além disso, oferece câmaras que cumprem com aquilo que prometem. Mas, o seu ponto mais forte é mesmo a bateria, a sua durabilidade conseguiu surpreender-me, e pela positiva.

Por outro lado, o Wiko View5 também falha em algumas áreas que desempenham um papel importante na operação diária. Embora ainda possa viver bem com o altifalante realmente ruim e a baixa resolução do painel IPS, o desempenho do Helio P22 deveria, e tinha, de ser mais eficaz. Um telefone com as características do View5, tinha de ser mais fluido. Estamos a falar de um telefone de €230 (neste momento), e o desempenho está muito longe daquilo que deveria ter. E infelizmente não estou a exagerar, já que em Março de 2019 testei o View2 Plus, que está a léguas de distancia do desempenho deste View5... sim um telefone com mais de 1 ano e meio, da mesma marca.

Com uma resolução tão baixa, este processador não tinha razões para ser tão "preguiçoso", e infelizmente isto tudo não é uma questão de software, já que aí a Wiko tem feito um excelente trabalho, e esse fraco desempenho é muito comum nos smartphones equipados por esse processador.

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Joel Pinto

Fundador do Noticias e Tecnologia, e este foi o seu segundo projeto online, depois de vários anos ligado a um portal voltado para o sistema Android, onde também foi um dos seus fundadores.