Análise Sony Xperia XZ3 – Um novo e verdadeiro topo de gama

Análise Sony Xperia XZ3 – Um novo e verdadeiro topo de gama

5 Dezembro, 2018 0 Por Joel Pinto

Falar da Sony é falar de um gigante da tecnologia. Mas ao contrário de outras áreas, onde a fabricante japonesa tem produtos de sucesso, e falo de TV’s, câmaras ou até mesmo a Playstation, a secção de smartphones não goza de um bom período. Depois de uns não tão bem conseguidos Xperia XZ e XZ2, a fabricante lançou mais recentemente o Xperia XZ3.

E pessoalmente penso que finalmente a Sony acertou na receita de fazer um bom smartphone. Começando pelo seu espetacular ecrã Bravia OLED, o poderoso Snapdragon 845 da Qualcomm e um design muito elegante, que apesar de ser muito semelhante ao do seu antecessor, o Xperia XZ2, as mudanças implementadas, resolveram a grande maioria dos defeitos da versão anterior. Infelizmente ainda conta com alguns pontos não muito positivos. Mas vamos falar deles em detalhe.

Principais Características Técnicas

O Sony Xperia XZ3 é equipado pelo processador mais poderoso da Qualcomm, o Snapdragon 845, combinado com 4GB de RAM e 64GB de armazenamento interno. Ele possui suporte para um cartão microSD de até 512GB, e a sua bateria de 3.330 mAh está emparelhada com as otimizações Battery Care da Sony e ao carregamento sem fio.

A Sony manteve a resistência IP68 a água e poeira da sua principal série e protegeu a frente e a traseira do telefone com o Gorilla Glass 5. O seu ecrã é composto por um painel OLED 18:9 com 6 polegadas, e chega com a resolução QuaHD+ com o software proprietário de conversão HDR da Sony. A japonesa também manteve o sensor de câmara Exmor RS de 1/2,3 polegadas, que podemos encontrar no Xperia XZ2, exatamente com a mesma lente f/2.0 e estabilização de imagem digital.

As especificações de vídeo também permanecem as mesmas, com destaques incluindo vídeo super slow-motion de 960 fps e gravação 4K HDR. As selfies podem ser tiradas pela câmara frontal de 13MP, que possui um novo modo bokeh para desfoque de fundo aplicado via software e melhor estabilização digital.

O som é realmente impressionante, com suporte a áudio de alta resolução e o codec LDAC da Sony, melhorando a qualidade de áudio nos fones de ouvido sem fio. Um adaptador USB de tipo C a 3,5 mm é fornecido na caixa, no entanto no telefone que me foi enviado para testes, não continha o adaptador. O seu altifalante estéreo com S-Force Front Surround promete ser significativamente mais alto que os do XZ2.

Finalmente, com o Xperia XZ3 oferecendo velocidades de download de até 1.2Gbps e Bluetooth 5, as opções de conectividade também vão de encontro ao que de melhor existe no mercado.

Design

Já anteriormente referi que o seu design é muito semelhante ao do Xperia XZ2, mas colocando-os lado a lado, nota-se perfeitamente as diferenças, onde o design do novo XZ3 é de longe, melhor.
O ecrã curvo adiciona uma elegância visual, e na mão isso sente-se. As opções de cores consistem em Preto, White Silver, Forest Green e Bordeaux Red. Os dois últimos são os mais impressionantes, e como já devem ter percebido a versão que eu pedi para testar foi a Forest Green, que para mim é a melhor cor que este telefone possui.

Neste equipamento foi usado um metal mais forte, se comparado com a versão anterior, resultando num dispositivo robusto que parece e sente-se premium.
A sua armação de metal polido não é fácil de arranhar, o que é impressionante, uma vez que durante os testes muitas vezes tinha o telefone no bolso, e muitas vezes misturado com moedas, e quer o seu chassi como a traseira e ecrã, não sofreram qualquer arranhão, pelo menos que fosse visível.

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A sua parte traseira é curva, e na zona mais grossa conta com 9,9mm de espessura, e apesar de não ser o telefone mais fino do mercado, ele tem uma excelente “pegada”. E já que falamos na parte traseira, nesta zona do equipamento temos o sensor de impressão digital e a o sensor fotográfico. E aqui está o maior defeito do design deste equipamento. É que a posição onde está a câmara traseira, é onde devia estar o sensor de impressões digitais. Quantas e quantas vezes tirei o telefone do bolso e coloquei o dedo indicador sob o sensor fotográfico e fiquei à espera que ele desbloqueasse? Acreditem que foram dezenas (para não dizer centenas), até que desisti de usar o sensor de impressão digital. E como devem imaginar, a câmara também deveria estar posicionada mais acima.

Outros destaques no design deste equipamento, é o facto de incluir uma bandeja híbrida para o cartão SIM e cartão microSD que pode ser removida sem um pino de ejeção de SIM, e também existe o habitual botão físico para a câmara. Enquanto isso, a porta USB-C solitária e a falta de um conector de fone de ouvido de 3,5 mm podem não ser do gosto de todos, embora um dongle de USB-C -> 3,5 mm seja seja fornecido na caixa.

Tudo somado, embora certamente não seja perfeito, o Sony Xperia XZ3 é um smartphone muito atraente e elegante que está disponível em algumas cores marcantes e exibe um ecrã simplesmente espetacular.

Ecrã

E antes de começar a falar sobre o ecrã do equipamento em si, tenho de admitir que o Xperia XZ3 provavelmente tem o melhor ecrã que já vi num smartphone, e que à primeira vista parece ser um “simples” ecrã OLED de 6 polegadas com a resolução QuadHD+.

A profundidade dos negros, o equilíbrio de realismo e vibração nos vídeos, a amplitude dos tons que este ecrã disponibiliza, são realmente impressionantes. Aquando dos testes, tive a oportunidade de o colocar lado a lado com um Oneplus 6, um Huawei P20 Pro e Pocophone F1, e a diferença entre o ecrã desses 3 equipamentos com o Xperia XZ3 é tão grande, que dá a sensação que os 3 são simplesmente smartphones de média gama, quando na realidade são telefones de topo. As cores do XZ3 são muito mais dinâmicas, e ele trata todo e qualquer detalhe de uma forma que os outros não conseguem reproduzir… e é por isso que para mim este ecrã é simplesmente o melhor.

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Nas configurações, temos opções para ativar o melhoramento de vídeo ou alterar o seu modo de cor. Os melhoramentos de vídeo funcionam em aplicações como YouTube e ou Netflix, e não apenas no aplicação nativa do telefone. No entanto a configuração padrão é muito bem medida para o resto da interface do utilizador, com níveis de vibração e contraste mais naturais do que pode encontrar em smartphones concorrentes (agora imaginem com os melhoramentos).

Autonomia

A Sony sempre foi muito conhecida por fazer um ótimo trabalho com as baterias dos smartphones, ou seja, garantir que a bateria do telefone não se esgote tão rapidamente como as da concorrência. No entanto, a empresa nunca colocou baterias muito grandes nos seus equipamentos, e desta vez não fugiu a isso mesmo, uma vez que a sua bateria é de 3.330mAh, que ainda assim é maior bateria que podemos ver num topo de gama da empresa. Mas o facto de ele ter a maior bateria do que qualquer topo de gama da marca, não significa que tenha maior autonomia, pois ele também possui um ecrã maior. Ainda assim obtém um desempenho de bateria muito similar ao do Xperia XZ2, ou seja, dura facilmente 1 dia ou 1 dia e meio.

Num dos testes que realizei, reproduzi um filme da Netfix, com a qualidade em HD e com 93 minutos e brilho no máximo… ao fim desses 93 minutos o dispositivo tinha consumido somente 21% de bateria, que é simplesmente espetacular.

A inclusão do carregamento sem fio ajudará os utilizadores mais experientes a manter o máximo sem desperdício, já que as bases de carregamento sem fio são muito fáceis de obter.
Como sempre, a Sony disponibiliza vários modos de economia de energia, por isso, mesmo que fique com pouca bateria, ainda poderá extrair algumas horas extras do com este equipamento.

Câmara

A Sony neste equipamento enviou uma câmara de 19MP com abertura f/2.0, e que na teoria é a mesma usada no Sony Xperia XZ2, só que felizmente é só na teoria. Não é a melhor câmara do mercado (se comparado com outros dispositivos no mercado), mas é garantidamente melhor que a do seu antecessor.

A interface de utilizador foi simplificada, tal como praticamente todo o sistema da Sony, portanto, há menos swiping para chegar aos vários modos e as configurações que temos de aceder com frequência estão quase sempre presentes no ecrã.
Como tive a oportunidade de testar o Xperia XZ2, posso garantir que a qualidade de imagem também melhorou muito em relação a esse dispositivo, com melhor clareza e melhor desempenho em condições de baixa luz. Apesar de o sensor ser o mesmo, na prática parece uma câmara completamente diferente.

Em condições de boa luz, os detalhes são fortes e uma boa quantidade de desfoque de fundo pode ser obtida sem chamar qualquer modo de bokeh. Onde as coisas começam a ficar feias, é quando se trata de faixa dinâmica – a câmera tem a tendência de superexpor às cenas de alto contraste. Se quiser usar esta câmara no modo automático, o controlo deslizante de exposição será o seu melhor amigo.
Em condições de luz média-baixa a câmara mostra a fluência de grãos de forma mais agressiva do que em outros telefones do mesmo segmento. Há menos suavização e redução de ruído do que vemos com os telefones Samsung e da LG, e são exemplos. Quando comparado com o Huawei P20 Pro, que já tinha referido acima, as diferenças são abismais, pois superam ainda mais sua faixa dinâmica e detalhes, e, no último caso, os recursos inteligentes de pouca luz da Huawei.

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A boa e não excelente qualidade de imagem dificulta algumas áreas da fotografia, o modo bokeh é mais fraco do que esperava, e até o zoom digital, com zoom de até 8x com desempenho pior do que o zoom de todos os principais telefones concorrentes…. e nestes pontos, até o “lowcost” Oneplus 6 conseguiu ser melhor.

No entanto, na gravação de vídeo, a Sony parece dar cartas. A estabilização digital funciona bem com boa luz em particular, e a filmagem HDR 4K que podemos capturar é simplesmente de tirar o fôlego.

Em contraste com a captura de fotos, a faixa dinâmica em vídeo supera a concorrência quando as imagens são visualizadas em ecrãs compatíveis com o HDR, como o deste telefone, portanto, qualquer fã de vídeo pode obter excelentes resultados se a iluminação estiver correta e estiver disposto a investir tempo em escolher as melhores configurações da câmara de vídeo deste telefone.
A Sony ainda é a única fabricante cujas câmaras de smartphones são capazes de capturar vídeos em câmara lenta na resolução FullHD e a 960fps (a concorrência chega aos 720fps). No entanto, essa funcionalidade é totalmente inutilizável em condições de pouca luz, mas é um bom recurso para utilizar quando estiver ao ar livre num dia ensolarado.

Já a câmara frontal, possui um sensor de 13MP com estabilização digital melhorada, que significa que as selfies num telemóvel da Sony nunca foram tão boas. Há um modo de beleza para destacar os olhos ou emagrecer o rosto, ou pode simplesmente desativá-lo para fotos com aparência natural, bem como um modo bokeh para desfoque de fundo baseado em software, e que funciona bem.

O mesmo pode ser dito para a câmara frontal em geral em foto e vídeo, o que é uma melhoria considerável em relação ao que foi uma experiência sem brilho no Xperia XZ2. 

Software e desempenho

É aqui que vemos que este telefone não possui apenas um excelente ecrã, pelo a qual a Sony deve ser aplaudida. Mas o Xperia XZ3 vem com o Android Pie, a versão mais recente do sistema operativo móvel da Google, e recheado de coisas boas.

Isso é uma boa notícia, porque o utilizador é tão à prova de futuro quanto possível em relação à compatibilidade de aplicações e atualizações de segurança – e como a Sony está a melhorar as atualizações dos seus topos de gama, os únicos dispositivos em melhor posição do que o XZ3 são os novos iPhones e a gama do Google Pixel 3.
A visão da Sony sobre o Android também é limpa e vivida – na maior parte do tempo. E esta advertência é incrivelmente importante, porque quando não é, faz-nos bater com a cabeça na parede.

No seu interior temos o Qualcomm Snapdragon 845 que funciona bem e oferece o melhor desempenho que pode esperar num smartphone em 2018. Usando o Geekbench 4, descobrimos que o telefone obteve uma pontuação de 8704 pontos no teste de multi core, e 2353 no teste single core. Já no Antutu obteve 294631 pontos, o que mostra o poder do processador deste equipamento.

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Isso é um pouco maior do que o Xperia XZ2 que obteve 8225 no mesmo teste, e é o que esperamos ver num telefone de topo em 2018.
A Sony tem uma nova solução para permitir o uso com uma só mão no telefone, quando temos um ecrã super longo de 6 polegadas: O chamado Side Sense.

Quando funciona, é excelente, sobrepondo o acesso rápido a aplicações que usamos com frequência, apareceram no lado esquerdo ou direito do ecrã, dependendo de qual lado toca duas vezes. Semelhante ao recurso lançado pela Samsung no Galaxy Note Edge, e é muito útil.

A Sony também deu um passo à frente, permitindo uma entrada “retroativa” que pode ser ativada ao deslizar para cima ou para baixo na borda – uma posição natural para o polegar descansar, assim não precisa de interagir com a barra de navegação a menos que queira executar alguma multitarefa, ou simplesmente voltar para a home.

O Side Sense apesar de muito útil não é perfeito e pode ser temperamental, e acho que nem sempre ativamos e às vezes ativamos quando não queremos. Tive vezes em demorei mais de 7 ou 8 segundos para conseguir ativar a funcionalidade… que se queria imediata para economizar tempo. Em 7 ou 8 segundos, um utilizador de smartphone pode perder muita coisa, ou situações. Esperamos que isso seja um capricho da unidade que testei.

O equipamento vem com 64 GB, que para mim é o mínimo de armazenamento que esperamos ver num topo de gama de hoje, e ter aplicações instaladas como Kobo Books ou o AVG Protection é penoso, e simplesmente desnecessário. A Sony também inclui as suas próprias aplicações 3D Creator, What’s New e Weather, bem como algumas aplicações da Amazon, Netflix, Spotify e Facebook.

Algumas delas podem ser desinstaladas, mas algumas só podem ser desativadas – por exemplo, não se consegue remover do telefone as aplicações do Kobo ou do Facebook.

O resto da interface do utilizador é ótima. A Sony oferece muitas opções de personalização em torno da configuração padrão do ecrã inicial do Android. O 3D Creator, apesar das reclamações de bloatware, também é muito divertida e muito mais fácil de usar do que quando foi lançada pela primeira vez.

A Sony poderia simplesmente não ter instalado o bloatware – o que teria feito o telefone parecer muito mais refinado. Como está, o resultado final é uma mistura de coisas boas com coisas más, que o utilizador precisa de melhorar depois de um pouco de frustração.

Som

O Sony Xperia XZ3, tal como o Sony Xperia XZ2 , pode dispensar o conector de fone de ouvido, mas isso não significa que está descartando o foco da série no áudio.

Suporte de áudio de alta resolução e codec de áudio LDAC da Sony estão aqui para aumentar o desempenho quando estiver a usar fones de ouvido, com fio ou sem fio.

Enquanto isso, o altifalante estéreo com S-Force Front Surround proporciona uma experiência imersiva ao assistir a vídeos. Acionei um trailer de Dolby Atmos no YouTube, e a mistura do visual com o som, é uma coisa linda. Há também um adaptador USB tipo C a 3,5 mm na caixa (na unidade que testei não vinha), se quiser usar os seus fones com fio.

Veredito final Sony Xperia XZ3

Há algo de partir o coração no Sony Xperia XZ3. É, sem dúvida, o melhor smartphone que a Sony já fez. Uma beleza para segurar e olhar, à primeira vista, é tudo o que um smartphone moderno deveria ser.

O design é elegante… e o seu ecrã… É tão bom, e todas as  pessoas que o viram quando o testei ficaram maravilhadas. Acredito que aqui a  Sony estabeleceu um novo padrão com o ecrã deste telefone.
Existem alguns pontos problemáticos, incluindo alguns elementos da interface do utilizador que começam a gaguejar, mas a maioria deles pode ser resolvida mergulhando nas configurações e desativando determinados recursos, como o Side Sense, se achar que é irritante. E confesso que ao fim de uma semana tive que o desativar, apesar de achar que ele é extremamente útil, mas não para a minha utilização.

Não há como evitar o posicionamento do scanner de impressões digitais, e essas frustrações tornam o XZ3 um smartphone imperfeito com vislumbres de brilho.

Joel Pinto

Fundador do Noticias e Tecnologia, e este foi o seu segundo projeto online, depois de vários anos ligado a um portal voltado para o sistema Android, onde também foi um dos seus fundadores.