Análise Demon's Souls (PlayStation 5): Lindo, brilhante e envolvente

Depois de ser considerado um dos melhores jogos de sempre para a PlayStation 3, a Bluepoint Games foi encarregue de fazer o remake de Demon's Souls, um dos jogos de estreia da PlayStation 5. E se já jogou a esse jogo na PlayStation 3 tudo lhe soará familiar, já que estamos perante o mesmo jogo mas com uma ênfase adicional na fidelidade gráfica e nas óbvias melhorias de qualidade.

Na minha opinião, Demon's Souls para a PlayStation 5 é um dos jogos mais impressionantes de um lançamento para uma consola, tanto pela forma como Bluepoint respeitou a jogabilidade do jogo original, como o facto do estúdio ter conseguido melhorar toda a estética icónica daquele jogo que marcou uma geração. Uma vez que se trata de um remake, a história é a mesma, e como tal, Demon's Souls passa-se em Boletaria, um reino medieval onde um rei pouco inteligente procura a prosperidade, mas acaba por fazer um pacto com um demónio adormecido. Uma névoa impenetrável logo isolou Boletaria do mundo exterior, e uma abundância de demónios levou os seus habitantes à loucura.

Apesar das tentativas de muitos aspirantes a heróis de libertar aquele reino da névoa maligna, Boletaria é agora uma sombra daquilo que já foi. É durante essa época de caos que o personagem do jogo, conhecido simplesmente como o Matador de Demónios, se encontra preso em Nexus, um mundo entre a vida e a morte, até que consumam almas poderosas o suficiente para acalmar a fonte da névoa, e que faça com que os demónios voltem a dormir. Demon's Souls para PlayStation 5 permite que construa o seu próprio personagem, e por isso permite que escolha uma aparência a seu gosto. Se preferir apenas entrar em acção, o jogo também oferece vários personagens pré-definidos, que variam de humanos normais a personagens parecidos com orcs e elfos que nunca poderiam ter sido gerados no jogo original. Eles são uma óptima forma de encontrar inspiração para as suas próprias criações. A minha sugestão é que não perca muito tempo com isso, já que durante o jogo em si não vai ter muito tempo a olhar para o seu personagem. No jogo irá verificar a gigantesca, e bem-sucedida, tentativa da Bluepoint de transformar o antigo, e escuro, mundo de Boletaria, num grupo de regiões incrivelmente homogéneas, mas distintas.

Se no jogo original a atmosfera densa ajudava a compensar as suas habilidades técnicas medianas, na PlayStation 5 nada disso é necessário. E isso não quer dizer que o remake de Demon's Souls não seja tão temperamental, e desanimado, com o seu antecessor, já que a sua tristeza é profunda. Neste remake, Boletaria, por mais apocalíptico que seja, parece mais um mundo que vive e respira do que nunca. Ele conta com uma vibração que parece totalmente diferente de tudo que os programadores foram capazes de alcançar no jogo anterior. Todas aquelas lindas capturas de ecrã, e trailers de pré-lançamento que foram reveladas antes do jogo ser lançado, não eram meras invenções do departamento de marketing, mas exemplos genuínos do impressionante, e abrangente, restauro deste novo Demon's Souls.

Há alguns meses, quando o remake foi anunciado, pedi uma PlayStation 3 emprestada, para poder jogar ao jogo original, já que até então nunca o tinha feito, e assim teria uma vaga ideia o que seria lançado com a PlayStation 5.

Apesar deste remake ser uma "cópia" fiel, e melhorada, do jogo original, certamente os fãs do hardcore não vão achar assim tanta piada (que não é o meu caso), já que foram feitas muitas mudanças... mais do que talvez fossem desejadas e necessárias. Felizmente a sua jogabilidade clássica permanece praticamente intacta, o combate ainda é complicado e motivante, com uma forte dependência de espaçamento. Os níveis ainda são grandes e desprovidos dos frequentes, e redutores de ansiedade da série Dark Souls. Isso torna alguns níveis um desafio, mas nunca parece excessivamente frustrante.

A verdade é que os Maneatros podem parecer impossíveis numa fase inicial, mas quando os mandamos ao chão, nada parece mais satisfatório. E cada encontro é melhorado pelo novo comando da PlayStation 5. Sim, mais uma vez o Dualsense a fazer toda a diferença, já que nunca me senti tão insignificante num jogo, como o ter de lutar contra por exemplo, Tower Knight, um enorme demónio cujo os ataques violentos são transmitidos através de feedback do comando que torna tudo muito mais intenso. As lutas em si podem não ser as mais difíceis, mas o comando oferece uma experiência totalmente diferente, já que nos permite estar imersos não apenas na componente visual, e de áudio, mas também nas nossas mãos.

Como é mais do que óbvio, este remake vem com melhorias gritantes nos gráficos, e para quem nunca o jogou, este remake para a PlayStation 5 é provavelmente a melhor forma de o fazer. Nada foi deixado ao acaso, e muitos dos problemas do jogo original foram resolvidos. Os benefícios da jogabilidade em 4K e 60 frames por segundo são mais do que óbvios, e Demon's Souls na PlayStation 5 também inclui subtilezas como subida rápida de escadas, a capacidade de consumir várias almas ao mesmo tempo, animações de armas exclusivas e a transferência de itens do inventário para o armazenamento em qualquer lugar do mundo, e muito mais.

A maior questão em torno deste remake (ou de qualquer outro) diz respeito à necessidade da sua existência. Será que era necessário entregar um jogo tão amado como o Demon's Souls para as mãos de um grupo de programadores que nada tinha haver com o jogo original, e fazer o que bem entende-se com ele? A sua resposta pode ser diferente, mas a minha é sim, e ainda bem que calhou nas mãos da Bluepoint Games, já que eles mais uma vez demonstram que são dos melhores estúdios a trabalhar em remakes. É que eles não se limitaram a transformar o jogo original num jogo com bom grafismo, mas também o fez de uma forma que o respeita e até mesmo melhora as bases estabelecidas pela From Software (o estúdio por trás do jogo original).

Veredicto Final - Demon's Souls Remake

Este Demon's Souls para a PlayStation 5 é basicamente o Demon's Souls que muitos de vós se vão lembrar que jogaram na PlayStation 3. Não perde o ritmo, e cria a mesma atmosfera melancólica e envolvente, que o tornou num clássico. Embora houvesse alguns aspetos que poderiam ter sido mais fiéis ao jogo original, o remake de Demon's Souls destaca-se como uma forma incrivelmente divertida de rever a terra amaldiçoada de Boletaria.

Resumindo: É um jogo assustador, sombrio e cheio de ação que não vai querer perder. A ausência de loadings é algo verdadeiramente impressionante. E se nunca tinha ouvido falar deste jogo, então não sabe o que está a perder.

Por isso a minha nota para este jogo é:

Uma cópia deste jogo foi-nos gentilmente fornecida pela PlayStation Portugal, para que fosse possível realizar esta análise.

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